segunda-feira, 22 de abril de 2013

Bimestral Sociologia - Até pg. 27


O que é Sociologia?
Ciência que estuda e explica o comportamento humano em sociedade. Busca esclarecer porque as pessoas se comportam da maneira como se comportam quando se relacionam. Estuda o comportamento que se desenvolve em interação e por isso é chamada de ciência das relações sociais. As causas do comportamento humano são sempre complexas e nunca são únicas, por isso existem várias escolas sociológicas. É, para Peter Berger, uma ciência desmitificadora. Para ele, não haveria nada de natural no comportamento humano quando estes se relacionam entre si. A Sociologia mostra que tais comportamentos são criados e transformados (ou não) pelos homens. Todo tipo de atividade humana em sociedade pode ser transformado em uma especialidade da Sociologia. O mundo social é construído coletivamente, socialmente.
Existem duas formas de explicar o comportamento humano:
-Objetivista/Estruturalista: Se preocupa com o modo pelo qual a estrutura social influencia, limita, determina, estimula ou impede o comportamento. A sociedade, assim como para Émile Durkheim, é um conjunto de fatos sociais, de instituições que, uma vez constituídas, condicionam as condutas, idéias e práticas das pessoas.
-Subjetivista: É a maneira pela qual a Sociologia aborda os comportamentos humanos. É chamada assim porque a ênfase recais no sujeito e na forma pela qual ele vê o mundo. O mundo social, assim como para Alfred Schutz, é compreendido e explicado a partir das idéias, noções e formas de perceber o mundo social.

O que é Política?
Esfera da sociedade em que os diversos grupos e/ou seus representantes autorizados lutam entre si para interferir nas decisões produzidas pelas autoridades, influenciando a distribuição de quaisquer recursos sociais ao mesmo tempo valorizado e escasso. É marcada por uma disputa permanente entre grupos sociais, incluindo as autoridades administrativas. A finalidade dessa disputa é fazer com que seus interesses sejam contemplados pelas decisões políticas. Política é conflito em torno de interesses. Este, pode variar de intensidade, na quantidade de indivíduos envolvidos, e inclusive pode ser desde uma luta aberta (revoluções) a uma batalha regulada por leis (disputas eleitorais). Política é a forma pela qual se pode negociar e resolver conflitos organizadamente. É uma luta permanente entre grupos sociais diversos para fazerem com que seus interesses e/ou ponto de vista sejam contemplados pelas decisões políticas. Para Harold Lasswell, o estudo da política consiste em saber quem consegue o quê, quando e como. A política é uma esfera essencialmente marcada pelo poder, este que, segundo Max Weber, é a capacidade que um indivíduo tem de impor sua vontade a outros grupos/indivíduos em uma relação social.
Pode-se fazer política ativamente (militando por uma causa) ou passivamente (votando a cada quatro anos). Pode-se fazer política de maneira coletiva (engajando-se em uma organização) ou de maneira individual (assinando uma petição de protesto). Até quando os indivíduos não possuem o interesse por política, eles fazem política pois deixam que os outros a façam em seus lugares definindo os rumos da sociedade.

O que é decisão política?
Quando uma decisão é patrocinada por autoridades legítimas, ainda que sob a influência de um grupo, ela se torna “obrigatória” e “inclusiva”, ou seja, todos os membros de uma comunidade política, mesmo os que não concordam, devem se submeter à ela, sendo obrigados a aceitá-la. Os prejudicados devem se mobilizar para reverter a situação. Caso consigam, a nova decisão também será obrigatória e inclusiva. Os grupos sociais não têm todos a mesma capacidade de organização pois possuem recursos de poder desiguais.

O que é comportamento político?
É toda a ação que busca influenciar as decisões políticas, estas que contribuem para manter ou redefinir a distribuição de bens sociais valorizados e escassos. Todos os grupos sociais e organizações que os representam se mobilizam para produzir decisões obrigatórias e inclusivas, assim fazendo política.

Alocação política: Ato de distribuir coisas valorizadas por pessoas ou grupos. Recursos públicos para investimentos econômicos, por exemplo. Assim, a alocação autoritária de bens e recursos socialmente valorizados obriga mesmo os membros de uma comunidade política democrática a aceitá-la.

O que é Sociologia política?
A Sociologia Política analisa e explica os fenômenos políticos a partir de seus diversos condicionantes sociais. Estuda as condições sociais da desigualdade política, procurando explicar por que alguns grupos tem mais poder que outros. Sua principal questão se pergunta o que garante que um grupo social consiga fazer com que seus interesses prevaleçam sobre os dos demais grupos. Assim, a Sociologia política se preocupa em identificar os recursos sociais de poder dos grupos que atuam na esfera política e como eles conferem uma maior vantagem competitiva. Tenta explicar o mondo político por intermédio de fatores principalmente sociais. Estuda como a distribuição desigual de recursos sociais afeta o funcionamento da vida política.

O CONCEITO DE PODER
Bertrand Russel diz que poder é o tema de estudo mais importante para a Ciência Social. A sociologia usa a linguagem das palavras para se exprimir. Ideologia: Conjunto de idéias que alguém possui sobre algo; um conjunto de convicções políticas.

O que é poder?
Um grupo exerce poder quando se mostra capaz de, na concorrência, na disputa ou conflito com outros grupos, fazer com que seus interesses/concepções sejam prioritariamente contemplados pelas decisões políticas.
Diferença entre poder e dominação, segundo Max Weber:
-Poder: probabilidade de impor a própria vontade dentro de uma relação social, mesmo que contra toda resistência e qualquer que seja o fundamento dessa probabilidade. Esse conceito pode ser aplicado a várias situações em que um homem é capaz de impor sua vontade a outro. Nesse caso, a motivação interna do subjugado é o medo.
-Dominação: um caso especial de poder. Um estado de coisas pelo qual uma vontade manifesta do dominador influi sobre os atos de outros, de modo que, num grau socialmente relevante, estes atos ocorram como se tivessem adotado por si mesmo a vontade do dominador. Se aplica a casos mais específicos, no qual há o predomínio da vontade de um sobre o outro, em uma relação de mando e “obediência”. Nesse caso, a vontade do dominador predomina porque o dominado toma o conteúdo da ordem como uma máxima que, por dever, deve orientar sua conduta. É como se a vontade do dominador se transformasse na vontade do dominado.

O poder como probabilidade
Fundamento (para Weber): Recursos de poder. Todo poder exige recursos para ser exercido. Deve ter algo a mais em relação aos outros. Esse algo a mais depende da situação social. No poder econômico, recursos econômicos (capital); no poder político, em última instância, a força física; no poder científico, conhecimento. Assim, o fundamento só viabiliza o exercício do poder e, por isso, é considerado uma probabilidade. O recurso é uma “base provável” para o seu exercício. Quem controla um recurso tem a probabilidade de exercer poder sobre outras pessoas se quiser. Assim, Weber evita a falácia dos recursos, na qual se confunde a quantidade de recursos controlados com a quantidade de poder exercido. Uma falácia é um raciocínio falso que parece verdadeiro. Assim, os recursos são uma condição necessária, mas não são suficientes. Eles estão a serviço do poder só quando mobilizados, postos em prática pelo seu detentor em uma relação social objetivando a imposição da sua vontade.

O poder como relação social e imposição de vontade
Para que os fundamentos deixem de ser uma base provável, é preciso a mobilização de tais recursos no interior de uma relação social. Portanto, para Weber, poder possui uma definição relacional. Dessa forma, o poder não é uma coisa que se possua, mas sim, uma relação social. Só dentro de uma relação social é que os recursos são o fundamento do poder. Assim, o poder é sempre uma forma de se afetar o comportamento do outro da maneira que deseja. Para Bertrand Russel, o poder é a capacidade de produzir efeitos pretendidos.
Se for reduzir o poder a uma maneira de obter do outro o que deseja, não poderia ser diferenciado de formas de interação como persuasão, manipulação, influência ou dominação. Assim, no poder há a imposição, há a mobilização de recursos no interior de uma relação social para ameaçar a outra pessoa da privação de algo que ela valoriza, assim convencendo-a a fazer algo que, de outro modo, ela não faria.
Alguns desses recursos: Violência física, perda de um emprego, constrangimentos psicológicos, humilhação pública, perda de apoio político, etc. O medo, conjugado a racionalidade humana garante a obediência ao pacto social.

O poder como resistência e conflitoO poder é uma relação de conflito. Existe diferença entre conflito e resistência, porque o conflito é uma relação de imposição de vontade. Nem toda relação de conflito implica no exercício de resistência pelo que se submete. É o caso da regra das reações antecipadas, na qual, pela experiência, se sabe das conseqüências negativas que sofreria caso desobedecesse. Assim, não há resistência, mas a relação ainda é de conflito. Resume-se por poder:
-Relação social de conflito em que há a oposição de preferências
-Consegue-se nessa relação com que um faça a vontade do outro
-Um consegue impor a vontade ao outro usando-se de recursos socialmente escassos que permitem a ameaça ou a imposição.
-Desde que os custos dessa ameaça não se aproximem ou superem os benefícios obtidos, se obtém a submissão.

Poder Político
Toda relação de poder é marcada por conflito e imposição da vontade de um sobre outros. Um grupo exerce poder político quando é capaz de tomar decisões políticas e garantir que estas sejam obrigatórias e inclusivas. Assim, o recurso específico do poder político é o uso de violência física. Esse recurso específico é controlado exclusivamente pelos detentores do poder político, não sendo o único recurso. Também pode-se convencer por meio da persuasão ou negociação. A força é o último recurso. Nas sociedades contemporâneas, a instituição que concentra essa capacidade de usar a força para impor suas decisões a todos os membros da comunidade política é o Estado. Assim é explicado o por que de diversos grupos sociais usarem os mais diversos recursos para interferir em decisões estatais ou para controlar diretamente o aparelho de Estado. Bem-sucedidos, tais grupos conseguirão fazer com que seus interesses sejam contemplados, podendo ipor seus interesses aos grupos que possuem recursos sociais estratégicos capazes de influenciar os decisores políticos que dominam a violência física do Estado. A violência não significa “repressão”, mas esta pode ser empregada nos limites. É, antes, os instrumentos e mecanismos por meio dos quais o Estado faz valer seu poder para coagir e constranger os indivíduos a cumprirem as leis. Um grupo controla recursos econômicos importantes e detém o poder político só quando consegue usar seus recursos para produzir decisões políticas obrigatórias e
inclusivas.


Vários recursos sociais usados por grupos e indivíduos que vivem em sociedade influenciam decisões políticas. Quando um grupo controla recursos importantes, tende a ter mais poder, a ter seus interesses preferidos. Estes estão, portanto, propensos a obterem mais recursos. Assim, isso forma um ciclo vicioso que aprofunda ainda mais a desigualdade. Portanto, a riqueza, o prestígio e o poder são cumulativos.


Por mais que se pregue que a economia não deve sofrer influências de interesses políticos, que a relação entre economia e política não deve se misturar e que isso faz parte de um senso comum, essa separação muitas vezes não ocorre. 


Do ponto de vista político, o controle de recursos econômicos dá vantagens a certos grupos. A diferença de condições e meios de vida, então, produzem uma desigualdade política fundamental, na qual, quem possui menos escolaridade, possui menos acesso a instrumentos lógicos, conceituais, culturais para entender o que se passa na política.


Do ponto de vista econômico, algumas esferas da economia conseguem interferir nas decisões políticas dos grupos de acordo com a quantidade de recursos econômicos mobilizados, fazendo com que se elejam políticos e parlamentares que representem e defendam seus interesses.
Assim, demissões em massa não seriam ações políticas no sentido estrito. Suspendendo os investimentos numa situação, pode-se criar desvantagens políticas. Essa reação econômica dá o controle político à empresários.
Nota-se, portanto, que a distribuição desigual de recursos econômicos é uma das bases da desigualdade política.


Qualquer que seja o recurso ou estratégia usado por um grupo social, ele precisa se organizar para influenciar as decisões políticas, se não, sem ir ã luta, sem se constituir num coletivo, estes grupos nunca terão seus interesses e valores em primeiro plano.
Grupo social: Número de pessoas com interesses comuns. Uma organização representa uma ação coordenada para atender aos interesses dos membros desse grupo, produzindo benefícios coletivos - apropriados por todos os membros do grupo.


Em grandes grupos, nos quais muitas pessoas nem se conhecem, os indivíduos tentem a agir por uma racionalidade estratégica, maximizando os seus próprios interesses. Nesses casos, se haverá uma greve, na qual trabalharão por um interesse coletivo, fica mais cômodo não cooperar e receber o benefício produzido, com a segurança de que não vai sofrer com isso. Além disso, se todos cooperarem, a participação de um é considerada insignificante, o mesmo acontece se ninguém cooperar e ele resolver agir sozinho. Assim, sempre, não cooperar é o mais vantajoso pra cada um.
Em grupos pequenos, isso muda. A abstenção num grupo pequeno é sempre mais dramática, produzindo impactos negativos, seja pela pressão ou pelos contrangimentos que o grupo impõe a quem não quer cooperar. O incentivo entre si é muito maior e isso faz com que esses grupos tenham mais facilidade para se organizar e defender seus interesses na vida política do que os grupos grandes = minorias com mais poder político que maiorias.


A importância da informação

Na vida política e democrática, os grupos que possuem mais e melhores informações ganham vantagens sobre os outros na busca de ganhos políticos. Sem informações, se age de forma equivocada, fazendo com que os adversários se aproveitem disso para obter vantagens. Um eleitor que confie demais em uma única fonte de informação não tem a oportunidade de comparar e pode sofrer manipulação por essa fonte. A desigualdade de informação tem várias origens, entre elas, a econômica, já que os carentes economicamente tem dificuldades para acessar e processar informações. A própria organização das empresas de jornalismo e televisão podem comprometer o acesso à informações mais plurais, já que filtram de acordo com seus interesses.

Uma pessoa pode estar muito bem atualizada, com muita informaçãopolítica conjuntural, mas não adiantará de nada se ela não conseguir interpretá-la, ou seja, se ela não ter conhecimento contextual. Este revela o funcionamento da luta política. O custo para essas informações, infelizmente, é alto e precisa de tempo. Por isso, não são aquiridas igualmente por todos.


Fundamentos culturais do poder político

O interesse por política é socialmente produzido. A curiosidade dos brasileiros por política e a relação com o sistema democrático estão ligadas ao grau de escolaridade e à situação social. Portanto, não é uma decisão totalmente pessoal gostar ou não. Os recursos econômicos e educacionais afetam isso, causando uma má distribuição no interesse por política. Alguns grupos sociais tendem a participar mais do que outros, e essa minoria participativa acaba por obter ainda mais vantagens, aumentando ainda mais o interesse político.


Democracia Contemporânea:
-Representativa: Escolha das lideranças pelo voto.
-Os que tem mais votos, assumem o governo
-Escolhidos os representantes, estes tem poder para governar e impor as suas decisões até que sejam substituídos nas prox. eleições.
-Eleições devem ser competitivas com vários grupos participando e sem fraudes
-Concedido o mesmo peso político a cada eleitor, pressupondo igualdade política.
É um procedimento político para a escolha de lideranças políticas.


Igualdade Política e Desigualdade Social
O caráter universal e igualitário do voto não impede que instituições de democracia sejam marcadas por desigualdades. Ex:
-Só uma minoria controla o leque de opções de candidatos a serem ofertados
-Os que tem mais recursos, terão maior visibilidade
-O voto de um empresário rico vale mais porque esse será mais ouvido do que um cidadão comum.
-A irresponsabilidade política de polícos profissionais que raramente prestam conta aos seus eleitores, principalmente os ˜comuns˜.
-O eleitor sem recursos terá menor capacidade de tomar a melhor decisão de acordo com seus interesses
-Nem todos os eleitores tem o mesmo interesse, sendo os que não se importam levados em menor consideração pelos políticos.
A politica não se encerra no ato de votar, no processo eleitoral. Entre as eleições, grupos sociais ativam seus recursos para tentar influenciar decisões políticas. A democracia, sistema amplamente marcdo por desigualdades, concede o poder princ. para grupos minoritários. Precisa-se democratizar as estruturas e a sociedade.


A igualdade jurídica e política são fundamentais, mas não suficientes, pois operam num contexto em que podem ser mais ou menos efetivas. Uma excessiva desigualdade econômica pode transformá-las em mera formalidade. A democracia pressupõe igualdade política e jurídica, mas precisa que os demais recursos não sejam privilégio de uma minoria.

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